O RESGATE DO “RIO DA VILA”. A RIBEIRA DA COSTA/COUROS, EM GUIMARÃES COMO INSTRUMENTO DE MEDIAÇÃO SOCIAL E DE EDUCAÇÃO AMBIENTAL PARA A SUSTENTABILIDADE

Um dos grandes desafios que se coloca ao cidadão do século XXI consiste na preservação do ambiente, sendo cada vez mais assumida a necessidade de salvaguarda da equidade entre gerações, assente num modelo de desenvolvimento sustentável.
Embora negativa, a atual “crise” ambiental permite por sua vez, ao mesmo tempo, o desenvolvimento de uma nova consciência ambiental à escala local enfrentando aquilo que são os desafios globais com novas e reconfiguradas soluções versadas especificamente nas trocas de conhecimento entre comunidade e os outros setores como são a I&D.

Em Guimarães, a ribeira da Costa/Couros é uma linha de água urbana com aproximadamente 6.2 km de extensão que atravessa por inteiro o principal perímetro e casco histórico da cidade de Guimarães. Ao longo de séculos da sua apropriação é possível narrar hoje um sem fim de contributos culturais, económicos e sociais obtidos por parte da relação da comunidade com este recurso.

Durante as últimas décadas, nomeadamente acompanhando o desenvolvimento económico da cidade, foi objeto de uma forte pressão antrópica decorrente de uma crescente ocupação urbanística dando origem à visível degradação ambiental mas também ao decorrente afastamento e desligamento social da comunidade relativo à salvaguarda, proteção ou valorização deste recurso natural.

A história ambiental e as suas narrativas múltiplas, especialmente textuais, indiciam a ribeira como um recurso múltiplo, ativo e atento por todos o que a cruzam. É, considerando o valor ecológico e cultural da ribeira da Costa/Couros, anteriormente denominada por “rio da Vila” – e que “toma tantos nomes, quantos os lugares por onde vai correndo” - que se pretende estabelecer relações de compromisso ambiental e social com este trabalho. O resgate, não é nada mais do que ver, comparar, notar particularidades, procurar compreender o que se observa, tentar descrever e aprofundar o que se compreendeu, e aproximar de novo, o curso de água às suas gentes compreendendo as fragilidades e as suas oportunidades, acima de tudo, porque cada geração projeta-se no futuro com a personalidade que encontra no passado.

Água, Ciência e Ambiente, Educação e Cultura são o conjunto de palavras-chave de um projeto que se prevê embrionário mas que tem como objetivo último emancipar a relação humana com os recursos naturais, nomeadamente a água.
O trabalho tem como contorno e objetivo final a melhoria do reconhecimento público da ribeira enquanto importante recurso cultural e natural ao mesmo tempo que encoraja e trabalha o diálogo intergeracional entre os jovens e os maiores no resgate de memórias promovendo uma cidadania participativa dos atores urbanos. A Educação Ambiental para a Sustentabilidade vertida na ribeira da Costa/Couros enquanto, consiste na promoção de valores, na mudança de atitudes e de comportamentos face ao ambiente, de forma a preparar todos, mas em especial os jovens para o exercício de uma cidadania consciente, dinâmica e informada face às problemáticas ambientais atuais.

A par do contributo epistemológico do trabalho, este projeto pretende também operar um conjunto de sessões participativas, metodologicamente orientadas, unindo gerações em torno da temática bem como a definição de estratégias de promoção como é o caso de um percurso pedestre interpretativo potenciando a possibilidade de transformar o espaço urbano através da inclusão e inovação social no qual o diálogo intergeracional é primordial de forma a partilhar memórias e produzir um diagnóstico prospectivo da ribeira.

A componente prática de construção do percurso interpretativo deve ter a particularidade de envolver a comunidade sénior, detentora de conhecimento
relacionados com a história ambiental urbana, permitindo que eles sejam os próprios mentores e parte da interpretação de alguns pontos de paragem.

O conhecimento dos maiores, essencialmente porque viveram o passado recente, é de grande valor e as gerações mais jovens devem poder beneficiar-se dela na construção do seu futuro.

Biographical note (pequeña información sobre mí)

Ricardo Nogueira Martins é Licenciado em Geografia e Planeamento (2011), mestre em Geografia - Planeamento e Gestão do Território (2015) e pós-graduado em Políticas Comunitárias e Cooperação Territorial (2017) pela Universidade do Minho. No decorrer do seu percurso académico, empreendeu uma experiência de mobilidade internacional na Universitat de les Illes Balears (2009/10).

Exerceu, no passado, funções de geógrafo numa empresa de consultoria colaborando, entre outros projectos, na elaboração de Estudos de Impacte Ambiental e na elaboração de Relatórios de Monitorização Ambiental.

Desde 2014, em Guimarães, como investigador em geografia no Laboratório da Paisagem, executa projectos em torno dos estudos de paisagem, ambiente, identidade territorial e políticas de planeamento e gestão do território bem como na coordenação de algumas iniciativas e projetos de educação ambiental.

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